segunda-feira, 12 de maio de 2008

Uma Origem Sufi?


Tardam em explorar outras pistas e buscas para tratar de situar melhor este nascimento e, sobretudo, as causas desta gênesis. A etimologia vem possivelmente nos abastecer com uma iluminação interessante. A palavra francesa “naipe” (Gargantua, 1534) deriva do italiano “taroccho” (como declarado em Ferrare em 1516), cuja origem é desconhecida, como o comprova um manifesto veneziano de 1550 contra este jogo: « E cual nome fantastico e bizarro / Di Tarocco, senz ‘ ethimologia ». E que ocultistas franceses do século XIX mancharam ao corrigir, por um recurso pouco convincente, as línguas da Antiguidade oriental, particularmente o hebraico e os anagramas (TARO/ROTA) e outros criptogramas cabalísticos…Curiosamente, até entre os possuidores de um pensamento mais acadêmico, ninguém pesquisou o (idioma) árabe. Ainda que já se saiba que as cartas ordinárias (também nomeadas naibi do árabe naib, -porta estandarte-, designando as “honras-séries numeradas) vêm de tribos sarracenas.


Então, taroccho “podia vir do árabe “tarika” (plural Turuk)”, significando “o caminho” no sentido de caminho iniciático (as irmandades sufis são partes de “turuk”). Ainda que explicitamente tenha sido atestada apenas tardiamente, pelo menos, a denominação das cartas de naipe, também os “arcanos” (maiores e menores), evocam indubitavelmente, uma etimologia latina clássica (arcana - pequeno cofre onde são guardadas jóias e coisas preciosas, por extensão o secreto), pode remeter a uma origem árabe: Arkân, “os ângulos”, termo que, no vocabulário técnico do esoterismo islâmico designa os fundamentos (no sentido de landmarks) e que estão em contato com a noção de “tarika”. Estamos aqui, por fim, voltados ao Esoterismo! Deste ponto de vista os arcanos do naipe poderiam significar os fundamentos do caminho.

Extraído de Tarot e a Arte da Memória de Oswald Wirth.

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